domingo, 22 de fevereiro de 2015

Grupo de 25 famílias é consagrado para missão mundial

Apoio espiritual e logístico é dado aos missionários por liderança adventista mundial Brasília, DF … [ASN] Lágrimas, ansiedade, preocupações fazem parte de qualquer tipo de despedida. E foi exatamente isso que caracterizou o encontro especial de inspiração realizado de quarta-feira, 18, até o sábado, 21 de fevereiro na sede sul-americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Brasília. O encontro faz parte do projeto Missionários para o Mundo que custeia a ida de 25 famílias para regiões do planeta com baixa presença do cristianismo. Não é a primeira vez que missionários sul-americanos adventistas são comissionados assim, mas é inédito o envio de um número tão significativo de uma só vez. Na maioria dos países para onde estão sendo enviados, os cristãos representam menos de 1% da população.
O choro dos parentes que já sentem a dor da separação dos filhos e filhas que vão para longe não foi a única característica do programa. O que mais se ouviu entre os próprios missionários foi o desejo de servir a Deus com total dedicação e de usar as habilidades para um desafio a que poucos se submetem.
Para garantir a segurança do projeto, a ASN (Agência Adventista Sul-Americana de Notícias) conversou com vários missionários, mas preferiu não identificá-los e nem os lugares para onde vão servir ou detalhes dos projetos. A maioria já viajou para o exterior, após o encontro, com poucas bagagens. Quatro malas, por exemplo, é tudo o que restou para um casal junto há dois anos. Eles venderam todos seus pertences e afirmam que não se preocupam com o futuro. A esposa explica que os dois já tinham passado por outras curtas experiências missionárias, mas nada se compara com o que os espera pela frente. “O que mais nos preocupa é a segurança pessoal e a dificuldade de alcançar os objetivos para os quais nos propomos”, admite.
O marido destaca a necessidade de preparo espiritual. “Agora sentimos que dependemos pelo menos umas dez vezes mais de Deus para esse tipo de missão. Vínhamos orando há um tempo já para atuar na missão, mas agora chegou a hora”, comenta.
Outra jovem, com menos de 30 anos, também casada há pouco tempo, simplesmente agradece a Deus por hoje poder participar de um projeto assim. Após a perda dos pais, ajudou a criar os irmãos mais novos e passou por sérias dificuldades financeiras. Mesmo assim, por aquilo que ela considera providência divina, conseguiu recursos, obteve bolsas e seguiu com os estudos. Não pensou apenas em si e, com a sua formação educacional, já serviu como missionária no continente africano por dois anos. Lá foi responsável, junto com o marido, por iniciar uma escola com princípios cristãos em um país pobre e hoje o estabelecimento se mantém com cerca de 800 estudantes. E o mais interessante: a jovem missionária optou por trocar bolsa integral para mestrado e doutorado pela possibilidade de voltar ao campo missionário. “A pessoa que se ofereceu para pagar meu doutorado disse que seria muito perigoso eu sair e que eu deveria repensar. Mas estou certa do que farei”, afirma.
Salmo que decidiu
Outro missionário, que conversou com a ASN, mostrava bastante otimismo e tentava esconder uma certa ansiedade com a chegada da viagem com a família para seu destino nos próximos cinco anos (tempo total previsto do projeto). Ele relatou que aceitou o desafio por entender que havia uma necessidade da igreja e que ele poderia auxiliar por conta de seu conhecimento do inglês, entre outras características. Só que, quando soube dos detalhes de um dos lugares para onde poderia ir, confessa que hesitou. “Foi aí que, uma noite por volta das 4 horas, eu acordei de um pesadelo e uma pessoa, que eu não sei dizer até hoje quem é, mandou uma mensagem de texto com o Salmo 56:11”. O texto não poderia ser mais consolador: “neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer o homem?”. Daquele momento em diante, o missionário garante que não teve mais qualquer dúvida a respeito do chamado.
Triagem e capacitação
O processo de seleção do grupo que vai ao campo missionário foi longo e teve a preocupação de ser adequado às necessidades das regiões. O pastor Herbert Boger, coordenador geral do Missionários para o Mundo, afirma que o lançamento do projeto ocorreu em maio do ano passado. Foi quando ficou definido que seriam 25 famílias que teriam suas despesas pessoais e custo dos projetos pagos integralmente pela Divisão Sul-Americana.
De 130 famílias pré-selecionadas restaram 50 por conta de três características principais: conhecimento amplo do inglês, experiência prévia com missão em outras culturas e o fato de um dos dois cônjuges ter uma segunda profissão. Em setembro as entrevistas pessoais realizadas com cada um dos interessados chegou finalmente ao número final das famílias selecionadas (24 e mais uma designada diretamente pela Divisão). O passo seguinte foi direcionar esse grupo a uma imersão durante 21 dias em um programa do Instituto de Missões que aconteceu em Manaus, capital do Amazonas. “Lá eles leram livros, viram vídeos, assistiram a palestras, ouviram testemunhos e tiveram contato com os ribeirinhos e tribos indígenas como uma forma de preparação para o que virá à frente”, acrescenta Boger.
Pr. Erton falou na Igreja Central de Brasília durante consagração final dos missionários (ao fundo dele) e perante um público expectante e emocionado sobre os desafios na missão - Crédito: Victor Trivelatto
Pr. Erton falou na Igreja Central de Brasília durante consagração final dos missionários (ao fundo dele) e perante um público expectante e emocionado sobre os desafios na missão – Crédito: Victor Trivelatto
Dívida paga
Para o pastor Erton Köhler, líder adventista sul-americano, o projeto Missionários para o Mundo é uma forma de pagar uma “dívida” que a Igreja tem por conta do empenho missionário dos que chegaram no território décadas atrás. “A obra começou aqui por esforço de gente que veio de outros países e fez toda a diferença. Além disso, cremos que somos uma família e que as instituições existem para unir e não para dividir. Por isso investimentos no envio de missionários dessa maneira”, ressaltou Köhler.
O pastor Jonas Arrais, que atua na área ministerial daAssociação Geral da Igreja Adventista, comentou que há uma visão muito positiva desse movimento para ida de missionários sul-americanos a outros lugares do mundo. Ele explicou que a Igreja Adventista mundial estabeleceu sedes em lugares estratégicos que abrangem países com pouca tolerância ao cristianismo, mas que está consciente da necessidade de amparo e atenção especial aos missionários que lá estão. “Temos amparado e auxiliado para que, em situação de perigo, inclusive se necessário for retiremos as pessoas de um determinado país. Mas deixamos claro que todos sabem que há um preço a ser pago por quem aceita esse tipo de desafio”, informa.
A última cerimônia pela qual os missionários passaram foi emblemática. Eles deixaram as marcas de seus pés em um mapa simbolizando aquilo que a Bíblia fala sobre a conquista de novos territórios pela fé. Fé que será necessária não apenas para conter a ansiedade. Mas fé para superar desafios de idioma, contraste de culturas e para que cada um se torne um verdadeiro centro de influência diante de outros. [Equipe ASN, Felipe Lemos]

COMO OFERECER PERDÃO PARA ALGUÉM QUE VOCÊ ODEIA?

O que você vai receber não é o que está vendo

O que você vai receber não é o que está vendo


lição 06

Como Paulo disse, “vemos como em espelho, obscuramente” (1Co 13:12). Vemos tão pouco, e o que vemos sempre vem filtrado pela nossa própria mente. Nossos olhos e ouvidos, e, na verdade, todos os nossos sentidos, nos dão apenas uma visão estreita do que está fora. Além disso, podemos nos enganar não só com respeito ao mundo externo, mas também com respeito a nós mesmos. Nossos sonhos, nossos pontos de vista e nossas opiniões podem nos dar imagens muito distorcidas de quem realmente somos e, de todos os enganos, este pode ser, de longe, o pior.
O que podemos fazer, então, para nos proteger desses enganos? O livro de Provérbios nos fornece conselhos básicos. Não devemos confiar em nós mesmos, como o insensato faz. Ao contrário, devemos confiar no Senhor, que controla o rumo dos acontecimentos mesmo quando tudo parece estar dando errado. Em resumo, precisamos viver pela fé e não meramente pelo que vemos, porque nossa visão pode ser extremamente enganosa, mostrando apenas pequena parte do que é real, e, o que é ainda pior, distorcendo o que nos mostra.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Emanuelle Sales Emanuelle Sales IMAGEM & SEMELHANÇA Beleza e vestuário analisados segundo os critérios da Bíblia Sagrada em uma linguagem mais informal.


Emanuelle Sales

Emanuelle Sales

IMAGEM & SEMELHANÇA

Beleza e vestuário analisados segundo os critérios da Bíblia Sagrada em uma linguagem mais informal.

A polêmica da vaidade

Se tem uma coisa que ouço mais do que toque de celular é: “As mulheres da igreja estão muito vaidosas”. Os comentários do tipo geralmente vêm do público masculino. Muitas vezes, a opinião tem até um toque machista. Vale lembrar que os conselhos bíblicos, inclusive os relacionados à vaidade, foram escritos para ambos os sexos. A vaidade está sim impregnada no universo feminino, mas não isenta o masculino em momento algum!
Primeiramente, sabe o que falta? Falta entender o significado da tal palavra. Muita gente confunde o “se cuidar”, “ser bonito”, “se arrumar bem” com SER VAIDOSO. Essas são coisas distintas, que podem se relacionar ou não. Por que será que quando se fala em vaidade logo vem à mente mulheres, roupas, sapatos, maquiagens e joias? Será que esse é o cenário único onde ela habita? Seria esta sua definição? Nada melhor do que pedir uma ajudinha ao dicionário:
A-polemica-da-vaidade
Percebem que a vaidade vai muito além de um guarda-roupa empanturrado e horas no salão de beleza? Veja só quantos homens vestem calça jeans e camiseta todo santo dia, dizendo incessantemente que não são vaidosos, mas não perdem tempo em comprar a versão atualizada do seu iPhone, nem que seja parcelada em 12x no cartão. Quantos só têm dois pares de sapato no armário, que são usados desde num encontro com os amigos até num funeral, mas brigam por cargo na igreja ou no trabalho só para sentir o gostinho da autoridade e do poder. Quantos têm o mesmo corte de cabelo desde criança, mas abrem o vidro do carro (que por sinal tem ar-condicionado) só para exibir que é o dono do automóvel. Quantos só têm no armário do banheiro pasta de dente e desodorante, mas que empinam o nariz no futebol com os amigos para mostrar suas habilidades com a bola.
Afinal, vaidade é pecado mesmo? Não tenha dúvidas, é sim. A Bíblia é clara quanto a isso. Mas achar que ela é coisa restrita à mulher é um grave erro. Outro erro é considerar como vaidade qualquer cuidado com a aparência ou desejo por coisas materiais.
A-polemica-da-vaidade2
Em algumas versões, o “correr atrás do vento” é substituído por “vaidade”. Ou seja, significam a mesma coisa.VAIDADE é correr atrás de algo que não se alcança. Ou seja, gastar as forças com tudo que VAI, como: corpo, posses, dinheiro. Tudo isso me lembra do conselho do meu Deus para que eu invista de verdade naquilo que é eterno, acumulando tesouros no céu. “Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” (Mt 6:21).
No que você pensa na maior parte do tempo? Uma vez me falaram que este é o seu deus. Se você pensa em moda e beleza na maior parte do tempo, elas são o seu deus. Se você pensa mais que tudo em trabalho, ele é o seu deus. Se você pensa em você mesmo na maior parte do dia, você é o seu próprio deus. Tudo isso é vaidade. Mas se seus pensamentos são dominados primeiramente pelo amor e pela missão, fique feliz: seu deus é o Deus do Céu. E isso não é, nem de longe, como correr atrás do vento.

Márcia Ebinger Márcia Ebinger DESAFIOS EM FAMÍLIA

Márcia Ebinger

Márcia Ebinger

DESAFIOS EM FAMÍLIA





Tire tempo para ouvir a voz dEle

O despertador dispara… você desliga e pensa “vou ficar na cama só mais uns cinco minutinhos…”. Vira para o lado e, algum tempo depois, olha novamente para o relógio e percebe que não se passaram apenas cinco minutinhos, já se foram trinta! Você dá um pulo da cama e começa seu dia já correndo. Corre para o banheiro, escova os dentes, se troca voando, corre para a cozinha, pega algumas bolachas e põe na bolsa ou na pasta, chama as crianças, apressa todo mundo e, quando mal percebem já estão dentro do carro seguindo para as atividades do dia.
Deixa os filhos na escola. Pega trânsito, come as bolachas pelo caminho e vai pensando naqueles milhões de coisas que estão esperando por você no escritório. Enfim, chega, dá um rápido bom dia para os colegas e já mergulha de cabeça nas mil e uma atividades que tem para resolver. O telefone toca, as mensagens não param de chegar pelas redes sociais, os colegas pedem favores, o chefe pede aquele relatório, algumas coisas dão errado, outras dão certo e, quando seu estômago já está “lá nas costas”, chega a hora do almoço.
Comer rapidinho é sua especialidade, afinal, nessa uma hora de intervalo é preciso também resolver alguns assuntos externos. Engole a comida, fala alguma coisa banal com quem está ao seu lado e novamente “pé na rua” em busca de solução para algumas pendências. Com cinco minutos de atraso está de volta ao batente!
Durante a tarde a rotina é a mesma, telefone, redes sociais, colegas e chefe. Parece que no período da tarde as horas demoram um pouco mais a passar, afinal, você já está pensando nas atividades que vai realizar quando sair do escritório. Às seis da tarde você corre, pega o carro, pega as crianças que haviam ficado na casa de um amigo, deixa os pequenos em casa, vai até o supermercado, passa na farmácia, compra uns energéticos, comenta com o farmacêutico sobre a correria da vida e, juntos, chegam à seguinte conclusão, “é, a vida é assim mesmo, é igual pra todos”.
Segue pra casa, come alguma coisa, conversa durante uns dez minutos com a família e segue para o seu relax, afinal, ninguém é de ferro e todo mundo merece ter o seu próprio tempo livre. Navega algumas “horas” na Internet, vê que já está tarde e que nem sequer tomou um banho. Bom, ainda dá tempo, corre, toma um banho, dá um beijo em cada filho, cada um no seu próprio quarto, com seus próprios eletrônicos e em seguida desmorona na cama. Quase pega no sono quando se lembra de algo…
Será que finalmente você vai se lembrar de Deus? Estou feliz, pois acho que você se lembrou dEle. Acredito que agora você vai levantar da cama e ouvir um pouco a voz do Pai Celestial que nunca se esquece de você. Estou animada, afinal, acho que agora você vai ler a Sua Palavra, vai tirar um tempo para estar com o Senhor. Acredito que você se lembrou de que precisa orar a Ele, entregar sua família nas mãos poderosas de Deus, conversar com Ele sobre sua vida, seus problemas, suas alegrias e tristezas. Estou feliz, pois acho que você teve consciência de que, sem buscá-Lo, sem ouví-Lo nunca poderá saber quais sãos os sonhos dEle para a sua vida, para a sua família. Foi disso que você se lembrou?
Infelizmente, não. Continuando a cena, vejo que você quase pega no sono quando se lembra de algo… você se lembra de ver se o despertador está ligado para o dia seguinte.

Karyne Correia Karyne Correia MENTE SAUDÁVEL

Karyne Correia

Karyne Correia

MENTE SAUDÁVEL

Os cuidados para se ter uma vida mentalmente saudável.

Por que você está aqui?

Por_que_voce_esta_aqui“Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.” Salmos 139:14
Quando você pensa na origem de sua existência, você tem certezas ou dúvidas? Existem pessoas que não conhecem sua família de origem e não sabem sob que circunstâncias vieram a existir. Outros conhecem sua história, mas não compreendem a razão de terem nascido. Por outro lado há os que, mesmo tendo pouquíssimas informações sobre o início de sua vida, acreditam que há um propósito para a sua existência. E que diferença isto faz! Isto dá sentido a cada despertar de um novo dia, e produz um senso de valor que os motiva a viver.
Se pensarmos, agora, na origem da humanidade, quantas questões foram levantadas em torno deste assunto ao longo da história? A ciência já formulou diferentes teorias afim de explicar a origem da vida. As diferentes religiões possuem suas explicações para este tema também. E entre cientistas e leigos, cristãos e não cristãos, há os que consideram que tudo é obra do acaso, e há os que acreditam em um Deus Criador. E entre estas duas crenças, há dezenas de outras.
Mas, que diferença isto faz?
Bem, da mesma forma que nossas concepções sobre o sentido de nossa origem pessoal tem impacto sobre como vivemos, nossas concepções sobre quem somos (enquanto seres humanos), de onde viemos e para onde vamos também impactam nosso viver. E quando falamos em saúde, isto pode ter um impacto interessante.
Recentemente, conversava com uma moça sobre alguns tratamentos naturais. Enquanto falávamos sobre o uso de argila ela me chamou a atenção para algo bem lógico. “Se uma peça de barro se quebra, com que consertamos? Com barro.” E com isto continuou a me falar sobre os benefícios do uso da argila.
Deus possui seus métodos de promoção de saúde e cura. É com tais métodos que Ele nos propõe saúde total (física, mental e espiritual). Mas, os métodos divinos são simples demais na opinião de algumas pessoas. E por serem tão simples, muitos não acreditam que sejam tão eficazes ou suficientes para solucionarem seus problemas.
Entender que viemos das mãos de um Deus Criador, que utilizou recursos da natureza para nos criar, e que conhece cada detalhe do nosso ser, faz toda a diferença. Entender, também, que nossa vida possui um propósito, e que com nossa mente e nosso corpo podemos, e devemos, prestar culto ao Senhor, nos permite ter atitudes diferentes para com os métodos divinos.
Durante os próximos meses, abordarei aqui como podemos utilizar os métodos divinos afim de termos mais saúde e qualidade de vida, e afim de vivermos os planos de Deus para a nossa existência!


Cativados pelo amor

Cativados pelo amor

É com alegria que inicio esta coluna que trará algumas reflexões sobre as profecias bíblicas. Porém, antes de interpretar algum texto ou relacioná-lo a certos fatos, é imprescindível refletir sobre o essencial. Em primeiro lugar, precisamos nos questionar sobre a própria iniciativa de estudarmos as profecias bíblicas. Por que dedicar tempo a isso, se muitos consideram a Bíblia um subproduto da cultura? Se ela é fruto da cultura, não provém de Deus e não passa de uma invenção humana. É isso o que filósofos, historiadores e muitos teólogos afirmam. Se a Bíblia é apenas cultural, consequentemente, as profecias não passam de vaticinum ex eventum(profecia originada em um evento), ou seja, foram escritas após acontecimentos que foram deslocados para o futuro, a fim de parecerem proféticos.
Logo, é inevitável a pergunta: dá para confiar nas profecias bíblicas? Existe algum critério para avaliá-las? Sem dúvida, sim. O critério mais importante se relaciona ao cumprimento: uma profecia verdadeira tem que se cumprir. Basta a lógica para se chegar a essa conclusão. Até na Bíblia se encontra esse argumento: “Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou? Sabe que, quando esse profeta falar em nome do Senhor, e a palavra dele se não cumprir nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o Senhor não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele” (Deuteronômio 18:21, 22, ênfase acrescentada). Enfim, se a profecia se cumpre, tanto ela quanto o profeta são verdadeiros. Se ela não se cumpre, é falsa. Ponto.
Alguns estimam que existam mais de duas mil e quinhentas profecias na Bíblia, sendo que a grande maioria delas já se cumpriu ao longo da história até o presente. Uma das mais espetaculares é a de Daniel 9:25 a 27, que anuncia o tempo da primeira vinda do Salvador. Escrita por Daniel no sexto século a.C., essa profecia indica o tempo exato da manifestação pública do Ungido (Messias ou Cristo), 483 anos a partir de outro fato também profetizado. Encurtando a história, isso nos leva a 27 d.C., exatamente o ano em que Jesus foi batizado (ungido) no rio Jordão. Como não se pode negar que o livro de Daniel foi escrito séculos antes de Cristo, também é inegável o caráter preditivo desse livro. Jesus veio no tempo profético exato.
Podemos mencionar diversas profecias cumpridas. Uma lista rápida: a destruição das antigas cidades de Tiro e Babilônia, vitórias e derrotas de exércitos, os 70 anos de exílio judaico, a diáspora, a sobrevivência do povo e da fé israelita por milênios, surgimento e queda de impérios, as profecias messiânicas e até mesmo os fenômenos políticos e religiosos da atualidade, como a união disfuncional da Europa e certas tendências globais. Tudo se cumpriu e está se cumprindo cabalmente, como previsto nas Escrituras.
Objeções
Muitos têm uma visão preconceituosa da Bíblia e imaginam que estudar as profecias pode até levar à loucura. Outros respeitam as profecias, mas, ao se deparar com um animal de sete cabeças e dez chifres, por exemplo, concluem que é impossível interpretar o livro. Talvez daí tenha se originado o ditado popular “bicho de sete cabeças”, para se referir a algo tão misterioso quanto assustador.
Ainda me lembro do meu primeiro contato com o Apocalipse, há 25 anos. Na época, tinha apenas dez anos de idade, quando vi um livro azul com os quatro cavaleiros na capa, intitulado Revelações do Apocalipse. Estávamos na casa de minha tia Luiza, professora formada em Letras, muito culta. Como em todas as férias de verão, viajávamos 3 mil quilômetros para passar alguns dias com ela, mas, naquela ocasião, o livro me incomodava naquela estante. Eu não gostava de passar por ele e até virava o rosto para evitá-lo. A capa azul chamativa, os cavaleiros (que nem eram tão agressivos) e a própria palavra “Apocalipse” pareciam ameaçadores para um garoto que nunca tinha manuseado uma Bíblia.
Não sei por que temia tanto aquele livro. Talvez a influência da TV. Minha memória não é capaz de resgatar essa informação. Apenas sei que o temor era real. Entretanto, em uma bela ironia da vida, anos depois eu me interessaria profundamente pela mensagem desse livro – não mais guiado pelo medo, nem vestido com um colete à prova de fé, mas atraído pelo amor divino (Jr 31:3). Nas palavras do autor do livro do Apocalipse, “no amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo” (1 João 4:18).
Amor divino
 Uma das primeiras lições para quem deseja estudar as profecias bíblicas, especialmente as apocalípticas (em outra coluna explico a diferença), é sobre o amor de Deus por Seu povo. O amor divino é a mensagem básica do livro, assim como de toda a Bíblia. Não é coincidência que Daniel e João tenham sido escolhidos para receber visões especiais. Ambos tinham algo em comum – Daniel era “mui amado” e João foi o “discípulo a quem Jesus amava” (Dn 9:23; Jo 20:2). Ou seja, as maiores revelações proféticas da Bíblia foram confiadas a pessoas que foram objeto especial do amor de Deus, não por um decreto arbitrário da parte da Divindade, mas pela própria abertura que esses homens deram à luz celestial. Não se pareciam com pregadores agressivos, nem eram fanáticos insensíveis. Eram pessoas humildes, de profunda sensibilidade espiritual e comprometimento com o povo de Deus. Se pessoas amadas foram escolhidas para transmitir a mensagem apocalíptica, é porque ela tem que ver com amor.
“Deus é amor” (1Jo 4:8). Contudo, se o amor é a essência do caráter divino, por que tanto Daniel quanto Apocalipse contêm imagens negativas, como a de animais terríveis e cenas de destruição? A resposta para essa questão complexa não está em uma equação simples. Relaciona-se ao próprio dilema da realidade: se Deus é bom, por que Ele permite o sofrimento? Esta pergunta rendeu uma obra filosófica clássica, Ensaio de teodiceia, escrita pelo matemático e filósofo alemão Gottfried Leibnz. Nesse livro, Leibnz cunhou o termoteodiceia (que significa algo como “justiça de Deus”), em que procura conciliar a relação entre a bondade de Deus e a existência do sofrimento. Embora suas reflexões enriqueçam a discussão do tema, as profecias bíblicas dão uma contribuição enorme para a questão da teodiceia.
Para se entender o benefício das profecias bíblicas, vale a pena conhecer a história de Jó. Esse patriarca sofreu terrivelmente sem saber por que. Sendo o único em todo o Antigo Testamento chamado de justo, ou seja, uma pessoa altruísta e boa (Jó 1:1), ele sofreu terrivelmente. Contudo, nem passava pela sua cabeça que ele fazia parte de um conflito e que seus movimentos eram acompanhados com interesse por olhos invisíveis. No fim da história, o patriarca foi restaurado, e Deus até falou com ele, mas sem explicar o que houve. O patriarca permaneceu na escuridão quanto às acusações feitas contra ele na corte divina. No Apocalipse e em Daniel, o povo de Deus também sofre, mas o invisível é descortinado. Dá para se entender o porquê. Essa ideia está contida na própria etimologia da palavra grega apocalipse, que significa “revelação” e transmite a ideia de descobrimento, descerramento.
Por meio das profecias apocalípticas, temos a chance de entender o que está por trás do sofrimento humano e por que Deus parece lento em agir. Ao estudá-las, percebemos que Ele está atento aos detalhes e age vigorosamente. Somos abençoados com uma visão privilegiada da história. Aliás, do ponto de vista profético, história não se restringe ao passado. O futuro já é passado. Não é à toa que vários profetas falavam do futuro, usando verbos no passado. Deus não só antevê com influencia o futuro.
Assim, as profecias bíblicas não têm nada a ver com o que a cultura popular ensina. Apocalipse não significa fim do mundo, mas uma revelação de Deus. Não se trata de destruição gratuita, mas de intervenções divinas visando à redenção da humanidade. É a descrição de um Criador comprometido com Seus filhos, o qual concede liberdade, mas que também exige responsabilidade. Voltando à pergunta inicial, não é só bom quanto essencial estudar as profecias. Através delas, podemos entender por que estamos aqui e para onde vamos. Se devidamente estudadas, elas trazem paz e nos tornam mais reflexivos e confiantes – “Feliz aquele que lê as palavras desta profecia” (Apocalipse 1:3 – versão NVI). Ao ler esta coluna, que sua mente seja iluminada, e seu coração, aquecido pela revelação do amor de Deus.